O QUE É O LUTO?

Assim como as ondas do mar que atingem diversas áreas da praia, o luto também se estende para além da nossa saúde mental, afetando diferentes aspectos da nossa vida, como relacionamentos, rotinas diárias e até mesmo nossa visão de futuro.

Os enlutados frequentemente se sentem perdidos, incapazes de seguir adiante com suas vidas.

Além da perda por morte, o luto também se manifesta em outras situações complexas, tais como:

  • Amputações
  • Chegada da aposentadoria
  • Desaparecimentos
  • Diagnóstico de doenças crônicas
  • Divórcios
  • Falências
  • Questões de impotência sexual
  • Infidelidade
  • Infertilidade
  • Má-formações, como lábio leporino
  • Mudanças de cidade ou país
  • Perda de animais de estimação
  • Desemprego
  • Perda de status
  • Perdas gestacionais
  • Prisões
  • Términos de relacionamentos, sejam namoros, noivados ou casamentos
  • Perdas relacionadas à COVID-19, entre outras.

Existem eventos que tornam a experiência do luto ainda mais complexa, demandando uma atenção diferenciada, como o aborto, acidentes, afogamentos, homicídios e suicídios.

MANIFESTAÇÕES DO LUTO

Você sabia que o luto afeta o nosso corpo? Após uma situação de perda, ocorrem algumas reações consideradas normais, como boca seca, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no estômago, dor no peito, falta de apetite, fadiga e náusea.

Diante dessas manifestações, a pessoa leva um tempo para encontrar o equilíbrio novamente. Neste sentido, os enlutados podem apresentar reações emocionais, físicas, cognitivas, comportamentais, sociais e espirituais.

EMOCIONAIS: Ao enlutar-se, normalmente ocorrem as seguintes manifestações emocionais: choque, tristeza, raiva, culpa, desamparo, solidão, depressão, agitação, irritabilidade, ansiedade, alívio, medo, confusão e desejo de estar com a pessoa falecida. Não conseguir controlar a tristeza e a raiva é normal. Pois são sentimentos comuns ao luto e falar sobre eles ajudará a aliviá-los.

FÍSICAS: É muito comum à pessoa sentir um aperto no peito, falta de ar, fraqueza, falta de energia, falta ou aumento de apetite, hipersensibilidade ao barulho, insônia ou muito sono, diminuição ou perda do interesse sexual, alterações no peso, queixas somáticas, suscetibilidade a doenças. Trata-se de um momento muito delicado, onde corpo e alma sofrem. Devemos prestar atenção ao nosso corpo e buscar ajuda se perceber que os sintomas estão fortes demais.

COGNITIVAS: Ocorre descrença, falta de memória e concentração, pensamentos obsessivos, sensação da presença do falecido. Algumas vezes, as pessoas se sentem confusas mentalmente e apresentam dificuldades em suas atividades diárias. É importante dividir as tarefas, assumir somente o que se sente seguro para fazer. E saber que esses sintomas, tendem a melhorar com o passar dos dias.

COMPORTAMENTAIS: Agitação, a pessoa fica mais reflexiva, pode buscar procurar ou chamar pelo ente querido, vontade de mexer nos pertences do falecido, evita fazer coisas que lembre a pessoa que morreu. Evitar coisas que lembre o falecido, não significa que não o ame. Significa que para você, olhar uma foto ou as coisas no quarto, faz sofrer. No entanto, para outra pessoa, se conectar com esses objetos, traz conforto. Seja cuidadoso com você e compreenda as pessoas ao seu redor.

SOCIAIS: A morte de alguém importante sempre nos faz pensar na vida. Por isso é normal uma “perda de identidade”, necessidade de isolamento social, sem vontade de interação social, dificuldade de relacionamento. Essas reações são comuns durante o processo do luto e variam em intensidade de pessoa para pessoa. Em casos não saudáveis, ocorre o aumento no consumo de medicamentos, bebidas alcoólicas e outras drogas.

ESPIRITUAIS: Além das manifestações já mencionadas, o enlutado enfrenta também a questão espiritual. Quando se perde alguém é muito comum que haja questionamentos em relação à fé e a religião. Algumas pessoas sentem raiva de Deus ou de alguma representação religiosa, desapontamento com membros da igreja, ocorre a perda ou aumento da fé. Isso faz parte do processo, duvidar ou sentir-se abandonado. Consequentemente, a tendência é de que com o tempo, o laço com a espiritualidade ou com a religião se restabeleça para os que acreditam.

QUANDO PROCURAR AJUDA?

A maioria das pessoas vivencia uma diminuição gradual da intensidade do luto à medida que se adaptam à perda. A adaptação não acontece de uma vez, leva tempo e o sofrimento tem seus altos e baixos.

De um modo geral, o período agudo pode durar de semanas a vários meses. Para alguns, o processo de adaptação pode ser prejudicado e a intensidade do luto permanece alta. Esta é uma condição que precisa ser avaliada, pois sem acompanhamento, aumenta o risco de uso de substâncias, distúrbios do sono, funcionamento imunológico prejudicado e ideação suicida.

Situações de risco que podem comprometer o processo do luto:

  • Falta de apoio social,
  • Falta de espaço para expressar o luto,
  • Dificuldade prolongada de retomar as atividades diárias,
  • Sofrimento intenso e sintomas físicos,
  • Dificuldade de relacionamentos,
  • Irritabilidade excessiva,
  • Sentimentos de culpa,
  • Pensamentos suicidas,
  • Pensamentos obsessivos,
  • Depressão,
  • Ansiedade,
  • Uso abusivo de álcool e outras drogas.

Não é possível mascarar a dor por muito tempo. Dessa forma, ao identificar as situações descritas acima é importante buscar ajuda especializada, para avaliar a necessidade de acompanhamento psicoterapêutico.

COMO A PSICOTERAPIA PODE AJUDAR?

A psicoterapia pode ajudar a pessoa a vivenciar o luto de maneira saudável, a compreender e lidar com as emoções que experimenta e, encontrar maneiras de construir uma nova vida.

O principal objetivo do aconselhamento do luto é ajudar o paciente a integrar a realidade da perda em sua vida, ajudando-o a manter um vínculo saudável com a pessoa que morreu (Neimeyer).

OBJETIVOS DAS INTERVENÇÕES:

Informar,
Validar a expressão do pesar,
Compartilhar a dor,
Organização cognitiva em torno do estresse gerado pela perda,
Fortalecimento dos recursos de enfrentamento,
Oferecer base segura para o enfrentamento da perda,
Foco na narrativa e fortalecimento da autoestima,
Foco no enfrentamento do pesar e da adaptação à vida após a perda.

O aconselhamento do luto é realizado de forma individual ou em grupo. Busque um profissional especializado em luto para ajudá-lo a compreender o processo de luto e fornecer as ferramentas necessárias para lidar com o sofrimento.

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